domingo, 31 de maio de 2009

Defino-me conforme disforme

Decepciono-me conforme vivo
aprendo-me conforme atormentam-me
Rio disforme.
Vivo disforme.

Sou inspirado pela Lua
Ah, como queria ser Lua!
Lua dá-me teu charme, tua nobre essência
tua vivência.
Daí tento viver mais conforme tua glória
Isso sim parece ser algo digno de se viver.
Ah Lua! Quero comparar-me a ti!

Há! Comparar-me para ter a graça de definir-me!


"-Vá lá homem! Faça algo útil!"

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Matando a Metade do Meu Antigo Eu

Estou lado ao lado do outro lado,
estou quase lá
estou quase inteiro,
sob a outra metade do que está
de lado
sem traços
defronte
do meu lado

e o lado verde-azulado ao meu lado
saiu pelo lado
meio morto
definitivamente muito quase morto
o verde já não é verde
o azul já não é azul
passou para a cor voluptosa
vibrante.

Quiproquó dos brabos!
Cor viva, sem vida!
E este lado que vive a aprisionar meu lado
não volte,
e que sendo assim, posso estar sempre meu,
sempre ao meu lado, sempre inteiro.

E celebrando o morto,
vivo a vida,
tô vivo - viva!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Contraste

A frígida noite
Fétida e irrestrita
Irritada e oblíqua.

Enfeitiça-me tateando sem dedos
O encantamento do vento que uiva
Reflexo lunar dissimulado e atraente
Sete dias hiperativos e depressivos
Seu tom inconstante

E o lábio gélido ao meu lado
E o olhar sem movimento com tanta expressão
E o medo pulsante, e minhas pernas trêmulas, e seu coração,
Em minhas mãos – e a noite, silenciando-a.

Palavras não ditas

A inconstância das palavras
Contendo sua regularidade incabível
Imutável sem permanecer
Oscilante como um velho carvalho.

A inconstância das palavras
Elevam-me para restringir-me
De pobre confuso apaixonado a
Difuso nobre sensato

Digo à inconstância das palavras:
És indigna e dirige toda a beleza
Da falta de razão ou não

O contexto
A sintaxe
O predicado que espera o sujeito.

Todos, aposto.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Entre os Dois Lados


Isso ou aquilo, querer ou não querer, amar ou não amar, fazer ou não fazer – “ser ou não ser”. Dilemas constantes e abundantes como o ar. Destruo em lágrimas e pontapés as fortalezas da certeza e da razão fria, renego a lógica e invejo-a, tento renová-la, no entanto, encontro o fervor do sentimento no meio do caminho. Lógica, a razão aparentemente confortante, sensata e sem graça. Sentimento, chama ardente, destruidora e confusa com todas suas tonalidades fortes e vibrantes. Não entendo nenhum dos dois.
Acredito que ainda estou cego pela paixão juvenil sobre o desconhecido. Passo do lado de lá para cá e vice versa a cada instante, incógnito ou não. Confundo-me simplesmente para sentir o gostinho amargo, mesmo que inconscientemente.




Decepciono-me, envergonho-me, enalteço-me, orgulho-me, e por fim, corro.

domingo, 8 de março de 2009

Sob a Nuvem Negra

Noite calada, sem brilho e chorosa trouxe-me pensamentos estranhamente vazios e incompreensíveis por sua invisibilidade áspera. Remeto a amores, mudanças e amizades, percebo o quão ilusório são todos esses e ao mesmo tempo discordo disso. Tento repensar o impensado para talvez ajudar a solitude destas sombras discretas que se tornam aparentes conforme a acompanho. És virtuosa por conseguir calar minha mente falastrona somente por ser o que é; sincera.
Procuro as estrelas em vão, nem a lua repousa seu brilho sob a noite. Nenhum olhar, nenhuma palavra. Somente a trilha sonora do silêncio mórbido, agonizante. Todos os rostos que penso aparecem esfumaçados, gélidos, petrificados. Olham para mim com um repulsa desdenhosa, e mesmo sem entender, odeio-os. No entanto, ao mesmo tempo, amo-os.
A negritude da noite mostra-me os dois lados sobre o que passa em minha mente inconstante, o sentimento e a razão separados, olhando para mim com insistência, como se esperasse uma escolha irrefutável. Paro, penso e como uma salvadora que derruba a iminente loucura, o manto prateado perde a timidez e sai de trás de uma nuvem negra e aparentemente aconchegante. Fita-me e aconselha-me a seguir os dois lados, oscilando conforme minha crença ou vontade ou instinto.
Por fim, posso sorrir para a noite virtuosa e considerar-me uma parte da mesma.

domingo, 1 de março de 2009

Agora, sensato

Duvido da dúvida
diluo a dor
Sinto muito pelo sentimento, mas dele
não sentirei mais.
Vou indo, assim como qualquer
de lá para cá, vou assim aquém de razões
de um suposto dilúvio de lágrimas de outros olhos
Agora o que falta mesmo
é voltar a ver os que os outros veem
ver o meu.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Fraqueza Carnal

Minha garganta prende todo o ar
Meu peito infla de um sentimento inominável
Minha mão inquieta teima em errar as letras
Minha perna tremula, mal posso levantar
Minha cabeça dói de tanto pensar sobre como posso parar de pensar nela
Meu estômago embrulha
Meu fígado pede socorro
Meu pulmão sufoca
Minha boca seca.

E eu
prossigo.

Esperando

Lá se vai uma chance...
Mais uma... Foi.
Lá vem outra... Foi.

Até quando vou esperar?

Maldito dilema!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Carnaval:


Momento onde liberamos nossas energias acumuladas durante um ano comumente ordinário e denso. Momento onde pelo simples fato de sabermos que seu fim é certo aproveitamos cada segundo possível, cada simples fala dita é dita com um ardor incomum aos demais dias, mistura de ansiedade, vontade, excitação e outros fatores. Saibamos, pois, que o vazio vindo após o carnaval é horrível só de se cogitar a idéia de pensar sobre. Odiamos a idéia que aquela agitação tão vigorosa, sincera e muitas vezes rudimentar, é vã.

Carnaval lá se foi, e sonho da alegria infindável, foi com ele. E agora o que nos resta é penar e esperar por mais.

Claridade

Sala clara, assentos claros, pasme, até mesmo os livros são claros! Encontro-me em um profissional que se auto-intitula sincero, contudo, sinceramente, onde já se viu um psicólogo sincero?
Pondero sobre o ar que me transpira na sala, devaneio em desespero quando a vista clara não prendia minha atenção. Estranho com a demora deste homem. Enfim chega. Como todo o resto era bem claro que o mesmo estava claro, mesmo sendo aparentemente escuro. Senti-me confortável com sua presença, não me parecia insensato ou hipócrita ou falastrão.
- Diga-me, qual o problema – em uma voz calma, suspirante.
Hesitei. Minha pequena jornada ao meu universo interior estava clara, pensei que pareceria estar louco. – Bem, não sei ao certo – disse.
- Não tenhas medo, já me pagara. Agora fala. – interessante sua sinceridade, no entanto mantive-me atônito e ainda preocupado com meu ar excêntrico.
- Acredito estar em dívida com o Amor, e é notória sua fúria brutal e obliqüidade amedrontante – desabafo, ainda hesitante.
- Hum, compreendo. Defina amor. – Pareceu-me desdenhoso ou atento até demais. Escrevia em demasia, refletia em demasia.
- O Amor deveria tratar-se contigo, acredito. Já passara em minha cabeça que o mesmo tenha alguns distúrbios de personalidade. O senhor descobriria mais facilmente.
O olhar sem feições deixava-me inquieto, o barulho da caneta perturbava-me.
- Compreendo. Agora me diga o nome da senhorita.
Entrei em um sonho, inteiramente escuro como uma noite sem luar e sem estrelas. Finalmente entendi. O senhor sincero encontrou meu problema. Voltei à claridade do quarto.
- Incrível, encontrou meu problema! Vou-me!

Fui.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

À Jovialidade


Como qualquer jovem digno de minha vitalidade, confuso está diante tanta controvérsia e acontecimentos obscurecidos pelos sentimentos à flor da pele.
Mente abstrata é o repouso da juventude, ilusões tão impossíveis que confundem ainda mais o que já é muito confuso por si só. Jovialidade tão dramática, tão fervente em seus próprios medos e desejos, tão incompreendida. Tantas idéias que o que é certo se torna impossível, e o impossível se torna a meta que para si próprio é completamente, absolutamente realizável.
Por isso, digo: nunca confie nos sentimentos dos jovens, com sua audácia fugaz.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Dilema do Tempo Incerto

De tudo o que fui ontem e tudo que serei amanhã
não sou o que quero ser hoje,
nem de palavras nem de atos
a vida vã permance a mesma
rotina cândida, incorruptível,
intransigível.

De tudo o que quero ser amanhã e não fui ontem,
tenho o poder de continuar a não ser o mesmo hoje,
entretanto a vida permanece
entre tanta controvérsia,
mas nada continuará o mesmo que foi um dia no passado.

A pena de não ter o que quis ter à algum tempo,
é suportada no dia de hoje, agora.
Contudo tudo continuará o mesmo, mesmo de ontem,
aquilo que não foi hoje e não será amanhã, somente a vaga lembrança passada.

O amanhã permanece incerto e o ontem continua não tão claro
memórias renovadas a cada segundo seguido de desapego à antigos vícios
minutos e mais minutos.

Tempo que já passou,
um dia,
será ?

Beleza do tempo incerto e tristeza da irrealidade do que já foi.

Silêncio

Percebo que meu coração indomável palpita em devaneios, esperanças e olhares. Palpitação inerte onde o todo parece estático ou morto, onde as pessoas não falam e não saem do lugar. No entanto percebo que ainda não morri, minha barriga sente-se estranha, meu pulmão falta ar, meu coração como um martelo com o intuito de me empurrar para frente, sendo aparentemente, sensato.
Engraçado como me sinto ao ver aquele oceano em dois pequenos olhos, mistura de inquietude e choque, dúvida e certeza, amor e ódio. Amo-a por ser a mais certa, a mais bela, ela. Odeio-a pela insuficiência respiratória, dor no peito e constantes vontades de andar gritando, exaltado pelo sentimento oblíquo e inconstante.
Os olhos são máquinas destruidoras e mágicas, me levam e elevam, me tiram e retiram tudo. O sorriso é o portão do céu, que mais parece me levar ao inferno. O cabelo um manto dourado, uma coroa de margaridas que quiseram desabrochar de forma diferente, simplesmente para atendê-la melhor. O conjunto perfeito. A premissa mais bela.
Porém minha necessidade não é suprida com o silêncio. Não tenho certeza se meus olhos transmitem o mesmo aos dela, na realidade, a incerteza é a única certeza. Desejo falar, porém faltam-me palavras, aquele sorriso que reflete toda a luz de qualquer aposento, silencia-me. Sempre digo que tentarei mais uma vez, e o pior, sei que estou mentindo.

Não hesitarei.