segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Subitamente

Síntese espontânea
tenaz lembrança da falta de lembrança
impávido copo que cai por falta de equilíbrio

Síncope momentânea
fugaz sentimento de um desapego apaixonante
intrépidas palavras que saem sorrateiras

Sutilmente bebo mais
vagamente morro mais
morro por amar demais

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sobre o velho e sua relação conturbada com a luz

- Não há graça em cair no chão. Não há mais motivo pra não favorecer aquilo que nos mata. Não há mais carvalho! Não há mais nada... nada! - diz o ancião soluçando de tanto chorar.
- Meu bom velho, a alvorada já passou! Precisamos de luz e mais nada. - responde o menino com um olhar maroto.
- A luz é ilusão! E ilusão das boas... daquelas que parecem antiácido efervescente verde, que a cor dá fome, mas o gosto é de embrulhar o estômago. - retruca o velho
- Luz, meu velho! Luz é conhecimento. Luz é amor. Luz é o que nos mantém absorvendo tudo sem precisar mastigar.

O velho percebe o que o menino disse e pega sua pistola semi-automática Colt Modelo M 1911 e finaliza sua existência.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Odeio o mundo das ideias

o relevo, o contorno, o toque
a carne, o osso, minha própria entropia
não há nada, nunca houve...
desisto
o amor platônico é catatônico em demasia


não revelo o meu remorso, enforco-me.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Gozo

Gosto.
Gosto de mar, gosto de ar.
Gosto do gosto

Uhm... gosto de morango.
Gosto do gosto de morango, gosto apaixonável.
Gosto imprescindível.

Gosto do gosto de gostar.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Verdade

Venha meu amigo, não há nada mais belo que o poderio feminino – disse uma voz feminina cálida e um pouco trêmula. Não compreendi muito bem o que ela disse no primeiro instante, mas depois de perceber sua forma de falar tive uma visão que mudou minha visão do mundo, enfim descobri a verdade do universo! Não sou egoísta, vos digo:
As mulheres são a criatura mais bizarra do universo.

Ainda bem que eu adoro uma bizarrice.

Andando sobre Cacos

Não fui
Não sou
Não serei

Espero que compreendam,
não aceitar é natural.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sentimental

Sinto fome,
fome sem nome.
Fome.

Sinto desapego,
desapego desamparado acompanhado de um desassossego
desesperador.

Sinto sono,
tanto sono, tanto sono, tanto sono...
zzzZZZzzzZZZzzz...

Sinto que sinto o silêncio
sinto por sentir
o intrínseco, intransigentemente
Delinquente!

domingo, 27 de junho de 2010

Calado

De dia e de noite,
te quero à tarde
na penumbra, no silêncio
por toda parte.

No teu lado
te olho de lado
se olho de frente
e você toda sorridente
as minhas palavras saem sorrateiramente
completamente

Por alguns dias
por algumas horas
por qualquer momento
te vejo
e já te amo
simples
sentimento calado

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Concretando o tédio

Tédio
Tédio Tédio Tédio
Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio
Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio
Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio Tédio
Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida Vida

A base do tédio é nossa irrisória existência.

Mãos em obra

Fábricas corruptas, ilusivas
tão abusivas, sempre tão favorecidas
e em volta
pálpebras caídas, todas sentidas
quantas vidas quase vividas
quanta gente sem ter o que viver – que coisa vazia!

Maquinário infértil
a soma diminuta
tão pequena, tão puta, tão feia, tão suja.

E o homem de terno e gravata se aproxima e esbraveja:
Caiba em teu próprio lugar pobre criatura não-vivida! Não se esqueça que sua vida é minha. Deixe as mãos fazerem o que é devido, deixe comigo o conforto por ti outrora vivido!

Procuro

Hei de mergulhar no mar de letras
o barco invisível a procura de um recanto
para os invisíveis,
recanto para qualquer forma de vida apaixonada pela vida

Procuro-o com vontade
Sigo, pauso, quase volto...
prossigo!

Para no meio do caminho
ou me mato ou essa intrigante paixão faz isso por mim.

Doente

A doença cria dor
a dor cria ódio
o ódio mata a ilusão
a ilusão cria o amor
o amor
ah! - amor-
por sua vez
sempre, continuamente
cria a doença.

terça-feira, 2 de março de 2010

Continuum

Simplesmente renego o que me foi negado
subitamente relevo o que me levou fisgado
encarecidamente revelo o que há de errado
estranhamente recrio o que me deixou tão esgotado.

Mesmo tendo em vista que vi somente de lado
sem um propósito ou sequer respeito à imagem alheia
afirmo o que realmente sou
tão egoísta,
mais uma mistura de condescendência e intransigência

Subitamente peço o que me havia levado
estranhamente revejo tudo que teria negligenciado
simplesmente peco, digo o que outrora havia calado
e encarecidamente paro, calo, pois daí então sei o que possivelmente teria errado.

Meus devaneios continuam aí
em seu contínuo retorno
em seu contínuo atraso
enquanto isso, refaço.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Desconversa

- Vem pra cá. – diz o mudo
- Vá pra lá! – grita o cego
- Me escuta ? - sussurra o surdo

E essa desconversa desenrola-se de forma tão cativante que até o engravatado para e presta atenção. Quem diria que uma tríplice tão sem sentido conseguiria comover um homem tão coroado, refinado.

Talvez

Essa dúvida cativante
essa incerta certeza
essa dicotômica realidade
todo esse alvoroço por nada... por nada.

Estou certo que não há nada
estou tão certo que o errado é certo
estou tão meio termo que nada mais equivale a incerteza real
estarei quem sabe errado de estar tão certo afinal.

Possível traição
Possível criação
Possível armação
Possível animação
Possível paixão
Impossível realização

Essa porra de possibilidade que esmaga a realidade!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Dança Cerebral

Satélites banais, dançando no orgástico mar de estrelas e pássaros
logo abaixo há caixas-cérebros,
uma prova do cérebro irrestrito e irremediado do ser humano
que invés de dançar assim como pássaro, prefere passar
a frágil e curta existência em frente a uma tela de íons.

Árvores, assim como solitários idosos, gá-gás, sofrem com o desdém
e morrem de câncer,
normalmente de pulmão,
o cigarro:
0110011001100111000101110

Tecnologia retrógrada, incinerante e não-inquietante
magnifica a supernova dos nossos cérebros
retira-nos nossos instintos originais, animais
Supernova globalizada de páginas virtuais.

Aí vendes novamente sutil ócio que leva a humanidade à iniquidade!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Para além do Twitter e sua nação

Festa à fantasia
frívola empatia
como é bonito o viver
sem forma, em vão!

Facínoras e estelionatários
adúlteros, pedófilos
cadáveres e moribundos
toda a anarquia-democrática
no alcance de um botão!

Vacas voam
Peixes andam
Pássaros twittam
e eu,
rio nesse mar de ilusão!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O tédio como meio de criar vida

Eu e minha companhia inventada
deitados no chão com os olhos ao céu
- tantas estrelas, tanta visão -
que será que dão pra elas brilharem e serem o que são ?

É, minha infeliz invenção...
não será o que quero ser, nem sou o que quero
de tanto de aclamar, afugento-me da razão de desejar-te tanto
teu brilho falso é o que te faz tão perfeita,
tão bioluminescente
tão condescendente

Não afugente-se, não suma
apesar de falsa és minha única amiga
companheira de copo e cama
de discussão e iluminação

Não saia até a outra ilusão vir
não mude nem o odor
pois meu tédio uma hora há de sucumbir


- lembre que o amor é tão escroto quanto você, infeliz ócio.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Transtorno do Tédio Inquieto

À beira,
de um ataque nervoso.
De lado,
em mais um dia tedioso.

Encontro-me no lugar onde os pensamentos tornam-se vulcões
Lugar o qual podemos tratar de conciliar o maltrato das semanas passadas
Durmo acordado no lugar onde todos são meros coadjuvantes de minha irreal epopeia.

Há sombras
do passado inquieto.
Há fantasmas
de uma noite inacabada.

Procuro pelas badaladas da igreja ao lado;
Sem dá-las, levo o vinho
O ninho da tristeza carnal.

A noite,
difusa, disforme e resplandecente.
O dia,
difuso, disforme e intragável.

Continuo a procura de algo palpável
Continuo a procura de um pensamento real
Continuo procurando meu sonho banal.

Há, saio sorrateiro
enfeito o embrulho
burro de tão sórdido
tenso de tão simples

Bá, voou estreito
beijou sua nuca
estúpido de tão apaixonado
bravo de tão culpado

Vá além, fui aquém
Vou sem
Voou torto

Doido, definitivamente doido
Bobo, definitivamente solto
Morto, quase morto
De tão morto...

lindo.